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Arquitetos: Atelier dos Remédios
- Área: 10806 m²
- Ano: 2011
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Fotografias:Fernando Guerra | FG+SG
Descrição enviada pela equipe de projeto. A Escola Secundária Rainha Dona Leonor situa-se no de Alvalade, num lote delimitado parcialmente a sul pelo Estádio 1º de Maio, a nascente pela rua António Ramalho e a norte pela rua Maria Amália Vaz de Carvalho, onde se encontra a sua entrada.
O conjunto dos edifícios dispostos originalmente em forma de “U”, implantados 4 metros acima da cota da rua, era volumetricamente descontínuo entre o bloco principal e o bloco dos ginásios, ligados somente por uma laje de ensombramento. A sua construção data do final dos anos 50, início dos 60 do séc. XX, sendo-lhe reconhecível uma clareza formal, com raiz no movimento moderno, que contrasta com a arquitetura residencial do bairro onde se insere.
A intervenção nesta escola visou a requalificação do conjunto, que se encontrava degradado pelo uso, a adequação da estrutura física construída ao programa de modernização proposto e, simultaneamente, a introdução de novos equipamentos, tais como um campo desportivo coberto e uma sala polivalente, de modo a abrir estes espaços à comunidade, dentro e fora do horário letivo.
O intervalo entre o corpo principal das salas de aulas e o corpo dos ginásios impôs-se como a escolha evidente para situar a nova construção.
O bloco proposto, implantado desde a frente de rua até ao interior do recreio, potencia uma relação de continuidade física entre a cidade e o interior da escola e contém em si a gênese da solução volumétrica, formal e funcional pretendida.
Prolongou-se fisicamente a cota da rua para o interior do recinto da escola, no sentido norte-sul, desmontando o talude e escavando parcialmente a área do recreio. Converteu-se a antiga entrada de acesso ao ginásio na entrada principal, e gerou-se o vazio necessário para a instalação de um grande espaço a ser ocupado pelo novo edifício.
Este contém os três equipamentos de acesso público preferencial - biblioteca, sala polivalente e campo desportivo coberto - e permite reequacionar a lógica de acessos e distribuição da nova escola secundária.
O bloco, apoiado em pilotis, definiu uma grande praça coberta de entrada, de recepção aos utentes da escola e de ligação ao novo átrio de distribuição no seu interior; o espaço de celebração da nova escola é gerado por um vazio de quádruplo pé-direito interceptado por galerias aéreas de circulação.
Apostou-se numa forte afirmação volumétrica do novo edifício para a rua Maria Amália Vaz de Carvalho, a norte, e na introdução dum plano de fachada maioritariamente cego, constituído por painéis prefabricados de concreto branco. Este plano contrasta com a linguagem mais permeável da fachada do edifício principal pré-existente e tem inscrito o nome da escola, reforçando o sentido da nova praça de entrada.
É na implantação do novo corpo, na relação com os diversos blocos originais, na descoberta do diálogo com o declive do terreno, no semienterrado e no arranjo do espaço exterior, que todo o conjunto se encerra sobre si mesmo, formando um todo revelado desde o exterior.
A proposta, nos edifícios pré-existentes, respeitou a linguagem arquitetônica original. Contudo, todos eles foram submetidos a fortes intervenções estruturais e construtivas, que visaram cumprir os regulamentos de contenção sísmica, de comportamento térmico, de acessibilidade plena e de segurança.